O trabalho de consultoria que fazemos requer sempre uma relação delicada com nossos clientes. Afinal, temos acesso a dados sigilosos da empresa. Participamos muitas vezes de conflitos familiares.
Quantas e quantas vezes nos vimos no meio de uma discussão entre pai e filho, ou marido e esposa, ou entre irmãos. Já participamos até de uma discussão acalorada entre avô e neto! Isso requer muito jogo de cintura e muita experiência em resolver conflitos. Como trabalhamos desde o ano de 1990 com empresas familiares, adquirimos experiência suficiente para podermos tirar desses conflitos soluções que não deteriorem o futuro da empresa.
Ser empresário no Brasil é somente para os fortes. Ser industrial, então, é só para gigantes! Nada no ambiente institucional ajuda. Controles em excesso, burocracia, obrigações fiscais e trabalhistas impossíveis. E a busca quase insana para se ter lucros!
Muitas vezes as reuniões de trabalho tem que se dar fora da empresa. Se há conflitos familiares, isso não pode ficar à vista dos funcionários. A “rádio peão” já corre solta mesmo sem motivos maiores. Se ficar evidente que está havendo litígio entre a família ou os sócios, isso pode piorar ainda mais o ambiente da empresa.
Mas nós, como consultores, jamais podemos nos omitir em face desses inevitáveis conflitos. Temos que dizer, muitas vezes, verdades amargas! Num processo de “colocar a casa em ordem”, muitos dos “velhos hábitos” tem que ser mudados. E mudanças são difíceis.
Pela nossa experiência, temos sempre exemplos a dar, de casos parecidos, e de como foram resolvidos pelas partes em questão. Isso ajuda, mas a verdade é que cada cliente é particular e diferente em sua individualidade. A própria reação de cada pessoa é diferente. Muitas vezes entramos na empresa tendo que fazer um verdadeiro “enxugamento geral”. Alguns empresários aceitam melhor isso. Outros não. Ter que demitir muitas vezes funcionários com anos e anos de casa, mas que não estão mais entregando resultados compatíveis com o seu salário, é sempre uma decisão difícil. Ainda mais quando quem está tocando a empresa é o próprio fundador.
Os conflitos com a geração mais nova, menos apegada a essa tradição e a esses “velhos relacionamentos” é quase inevitável. E assim caminha um trabalho de consultoria em gestão empresarial: de conflitos em conflitos. Para tentar minorar essa indisposição emocional, nós nos colocamos sempre à disposição de nossos clientes, que podem nos ligar à hora que precisarem, para ouvirem a nossa opinião (externa) de como resolver o conflito.
É uma relação delicada essa nossa de consultor. E é um prazer incomensurável quando conseguimos mitigar essas angústias e fazer o trabalho ser tocado para a frente!