Custo é estrutura, desperdício de material e hora extra.
Os sistemas de custos tradicionais confundem esforço, com custo. Ou seja, quanto maior o esforço, maior é o custo. Mas na realidade não é assim que acontece.
Imagine que você leve 8 horas para produzir um produto. Ele passa por 5 etapas diferentes com 10 pessoas envolvidas na sua produção.
Já um outro leva apenas 2 horas de produção, passando por 3 etapas diferentes e envolvendo 6 pessoas na sua produção.
Qual custa mais?
Pelos sistemas convencionais de custos, baseados no ‘esforço de produção’, certamente o primeiro produto, por esse critério, deveria custar mais, mas a realidade é que, a menos que ocorram horas extras na produção, ou um uso excessivo de energia acima do pico contratado, ou uma perda de material muito grande, o ‘custo’ dos dois produtos é ‘igual’, pois ambos foram processados na mesma Empresa.
Quem tem custo, é a Empresa, e não o ‘produto’.
Se não foram necessárias nenhuma das exceções citadas acima, o custo da empresa será rigorosamente o mesmo, tendo muito trabalho na produção de algum produto, ou pouco! E porque isso?
– Porque os gastos da empresa serão exatamente os mesmos no fim do mês! A Folha de Pagamentos será rigorosamente igual, independente do produto produzido. E todos os custos fixos serão também rigorosamente iguais!
Se não houver diferenças em horas extras, conta de luz, ou necessidade de contratar gente extra, o ‘custo’ de um produto que leva 20 horas de produção é o mesmo de outro que leva 5 horas! Isto porque o custo da empresa, ou seja, as contas que ela irá pagar no fim do mês, serão iguais! Isto significa na prática que o que diferencia o custo de um produto com o outro é apenas o seu custo variável, sendo o principal deles a matéria prima. Ou seja, se o produto tem que ter uma margem bruta de pelo menos 40%, por exemplo, para cobrir os custos fixos, o que diferenciará o preço de um e de outro é o custo da matéria prima consumida no processo industrial.
E um sistema baseado nos custos variáveis é muito mais fácil! Você não precisa ter um departamento de custos grande e oneroso. Todo mês o sistema é atualizado de uma maneira rápida, e você tem à mão as ferramentas para decidir ao longo do mês, a estratégia que o levará ao lucro.
Certa vez eu ouvi um empresário falando que mandou o seu Gerente de Custos embora, após ocorrer a seguinte situação: esse empresário havia acabado de promover um enxugamento na empresa, mandando uma certa quantidade de pessoas embora. E os relatórios de custos passaram a mostrar que os custos unitários haviam aumentado! E porque ocorreu isto?
– Porque o sistema de custos levantava os custos por meio de unidades de esforço. Como o ‘esforço’ para se fazer o produto continuava o mesmo, e os funcionários demitidos foram os de salários menores, ocorreu que a ‘média salarial’ de cada seção pelas quais passava o produto, aumentou. Aumentando a tabela hora de custo de mão de obra, e mantendo-se o ‘esforço’ de produção do item, o custo unitário do produto aumentou. Mesmo a empresa tendo uma menor folha de pagamentos para pagar no fim do mês!
Quando se monta essa ficção chamada ‘custo unitário’, é esse o risco que se corre. Confundir ‘esforço’, com ‘custo’!
Esforço é uma restrição produtiva, mas não necessariamente afeta o custo, basta não se ter horas extras. Se não houve hora extra, e nem a necessidade de se contratar ninguém mais, e nem aumento de gasto na conta de luz por se trabalhar acima do pico contratado de energia, um ‘set up’ de 7 horas numa máquina, ou outro de apenas 1 hora em outra máquina, não alterará em nada o custo do produto.
Isso significa que o trabalho que eu já tive para mapear todos os ‘esforços’ ao longo da minha produção podem ser jogados no lixo?
– Não, pois eles podem – e são – úteis para duas funções específicas: programar a produção e programar as compras. Ou seja, sabendo o ‘esforço’ de produção consumido pode-se saber com mais precisão o tempo que se levará para produzir um produto, as máquinas e pessoas envolvidas na produção, e quando as matérias primas deverão estar disponíveis para se manter o fluxo da produção sem atraso.
Concluindo: esforço não é custo. Ao se levantar os ‘esforços’ na produção, isso não servirá em nada para se definir os ‘custos’. Mas poderá ser usado para se programar a fábrica. Basta ver se a estrutura montada para se levantar esse ‘esforço’ vale a pena de ser mantida, pois se for muito grande, o próprio fato de enxugá-la já vai permitir uma diminuição nos custos da empresa.