Todo mês é a mesma luta. A empresa tem que atingir o seu ponto de equilíbrio, e tem que fazê-lo com uma margem bruta que pague o seu custo fixo. Se as duas não acontecerem juntas, o resultado será negativo. E muitas empresas, até as de maior porte, não tem o seu ponto de equilíbrio calculado de maneira correta. Mesmo o seu custo fixo ela não tem muita certeza.
Nós demoramos muitos anos para chegarmos ao método de cálculo desses dois parâmetros. Tivemos as primeiras aulas de contabilidade e contabilidade de custos ainda na Poli, no longínquo ano de 1974. E o aprendizado do cálculo do ponto de equilíbrio nas aulas de microeconomia no mestrado na FEA em 1979. Na teoria tudo parecia ser simples. Na prática a dificuldade era imensa!
O ponto de equilíbrio é o ponto onde a curva dos custos variáveis se encontra com a reta dos custos fixos. Exatamente naquele nível de faturamento é que o “break even point” ocorre. Acontece que os “custos” podem ser fixos, semifixos, variáveis, semivariáveis. E aí? Como se resolve isso?
Só começamos a enxergar o problema de fato como ele é, por volta do ano de 1990, quando após trabalharmos 11 anos em bancos com modelagem de rentabilidade, entramos no ramo industrial. Banqueiro não perde dinheiro. E as análises em bancos são sempre feitas em relação às receitas e custos gerados no caixa do banco.
Foi fazendo esse tipo de associação que chegamos ao CVC – custeio variável de caixa. O ato de produzir um produto faz que tipo de “variação” no caixa da empresa? Trabalhando sempre na “margem”, conseguimos entender o como parametrizar os custos e as receitas e transformá-los num método de cálculo que nos desse a certeza de nosso “preço de corte”.
Foi um longo caminho percorrido desde lá, testando o sistema em várias empresas, de características diversas, até chegarmos aonde chegamos hoje. Outro dilema comum nas empresas é, tão logo definamos o seu ponto de equilíbrio, correr atrás desse faturamento calculado como se fosse a sua verdadeira tábua de salvação. Correr atrás de um faturamento de equilíbrio sem se preocupar com as margens de lucro é um dos trabalhos mais cansativos e decepcionantes que a empresa pode vivenciar.
Se o incremento marginal de venda se dá com uma venda que tenha margem inferior à necessária para se pagar o custo fixo, o ponto de equilíbrio sempre se desloca para cima. E a empresa, satisfeita que atingiu o ponto de equilíbrio levantado, vê que ele não foi o suficiente para se pagar todas as contas. Esse é um dos problemas e dilemas mais difíceis que temos que conviver em nosso dia a dia como consultores.
Vamos tentar esmiuçar um pouco mais esse dilema em outro artigo.